O Económico visitou como cliente-mistério lojas para saber quanto ofereciam por uma pulseira de ouro cravejada de pedras preciosas.
A pulseira francesa, dos finais do século XIX, descansava na balança electrónica e o silêncio tomou conta das negociações por uns segundos. A jóia tem cinco pérolas naturais, foi cravejada com seis safiras e os elos fundidos e trabalhados à mão por mestres artesãos.
Naquele momento, uma peça com dois séculos de história e trabalhada à mão, não passava de um objecto vulgar. "Qual é o valor justo para si?", Perguntou o funcionário de um ‘franchising' da Gold Buyers, uma das muitas lojas que compram e vendem ouro em Portugal.
Indiferente a tudo isto, o mostrador da balança, ligado automaticamente a um computador, mantinha-se implacável: a pulseira pesava 21,5 gramas e valia 274 euros. "Não vale a pena", respondeu o cliente-mistério. No mercado dos coleccionadores, ansiosos por encontrar objectos raros, esta jóia poderia atingir um valor oito vezes superior.
Quando a peça estava a ser guardada na caixa, o funcionário jogou a última cartada. "A jóia é para derreter, pode levar as pedras preciosas consigo..."
O Económico visitou quatro lojas franchisadas no concelho de Lisboa da Gold Buyers, Casa de Crédito Popular, Ourinvest e Valores - e comprovou isso mesmo. A arte e a raridade da peça não são contabilizadas, fazendo com que a desvalorização da peça possa atingir os 90%.
Fonte: Diário Económico, em 05.12.2011