Tendo presente o recente estudo da Deco sobre os investimentos em ouro a APIO - Associação Portuguesa da Industria de Ourivesaria vem lamentar o facto de não ter sido contactada pois o seu contributo poderia evitar que o mesmo se revelasse tendencioso e omisso transmitindo-se uma imagem incorreta de um dos investimentos mais seguros que se pode realizar. Vimo-nos na obrigação de elaborar este comunicado na medida em que todo o sector fica associado negativamente. A título meramente exemplificativo refira-se:
1. Com base nas conclusões do estudo investir em ouro é um mau negócio. De facto, tendo em conta os exemplos citados no estudo a conclusão que se retiraria seria essa. Contudo, estranha-se o facto de a análise não ser mais profunda e longa no tempo pois, por exemplo se se recuar a 2003, (há 10 anos atrás) encontra-se um preço de referência médio do ouro de 10,333 €. Ora, se se tiver em conta a cotação indicativa do banco de Portugal seguida no estudo (31,71 euros) concluir-se-á que o seu valor mais do que triplicou pelo que cremos que não existirão no mercado muitos investimentos que tenham triplicado o seu valor no espaço de 10 anos.
2. Retratam-se também exemplos passados em bancos como por exemplo o de uma libra esquecendo-se de referir o estudo que uma libra, para além do valor intrínseco do ouro tem também o custo da sua elaboração, aquilo a que no sector se denomina "o preço do feitio" o que, como é evidente, torna a peça mais onerosa.
3. Não se percebe muito bem o porquê da referência constante ao preço indicativo do Banco de Portugal quando a referência efetivamente utilizada é o London Gold Fixing e a utilização desse valor alteraria os números obtidos no estudo.
4. De resto, saliente-se que se concorda com parte do estudo quando o mesmo faz referência às lojas de compra e venda de ouro, nomeadamente às redes de franchising pois aí, de facto, reina uma quase completa desregulamentação. Sendo certo que a própria Assembleia da República depois de ouvidos os intervenientes do sector (onde esta Associação se inclui) por uma Comissão criada para o efeito tem já há algum tempo uma recomendação no sentido de regulamentar esse negócio no sentido de melhor defender o consumidor, facultando-lhe a maior quantidade de informação disponível. Contudo realça-se que existe no mercado quem compre e vende (sempre o tendo feito e não aproveitando este negócio de ocasião originado pela crise que todos vivemos) de forma muito mais justa embora se tenha de referir que uma peça de joalharia tem uma percentagem de ouro e é nessa base que a avaliação é feita. Outros fatores deveriam ser levados em conta tais como a existência de pedras preciosas, ou o valor histórico e/ou artístico que a peça pode ter mas para isso são necessários conhecimentos profundos sobre a matérias e as lojas de compra e venda de ouro que têm proliferado por aí não são detentoras, na generalidade dos casos, desses conhecimentos.
Em suma, a APIO - Associação Portuguesa da Indústria de Ourivesaria demarca-se das casas de compra e venda de ouro, nomeadamente das redes de franchising e assevera que, como representante dos industriais, a quem apenas compete produzir, afirmamos que o ouro Português é e será sempre um bom investimento.
Lisboa, 30 de outubro de 2013
Carlos Caria
Presidente da Direção